terça-feira, 27 de março de 2012

MUTAÇÕES SOCIAIS E SISTEMAS EDUCATIVOS : A sociedade da informação e do conhecimento





“À Educação cabe fornecer, dalgum modo,  a cartografia dum mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permita chegar até ele.” (Delors, 1996:77)

 

O conhecimento e a democraticidade das organizações


 As sociedades atuais são hoje conhecidas como sociedades da informação e do conhecimento " nas quais o desenvolvimento das tecnologias pode criar um ambiente cultural  e educativo suscetivel de diversificar as fontes do saber" (Delors, 1996:161). Segundo  Calle&Da Silva ( 2008:1) Neste tipo de sociedade  "o elemento diferenciador na atividade produtiva é o próprio conhecimento, sendo que as matérias primas passam a ter uma conotação secundária. Neste sentido importa que a escola se reorganize de forma criativa e se apodere de ideias e práticas inovadoras para gerir esta nova exigência das sociedades de forma a esbater as diferenças entre os grupos de pessoas social economicamente distintos: o grupos do que não têm e não são           e o grupo dos que possuem e existem de forma a que os que se encontram na margem não se sintam também info-excluídos.

Relativamente a esta problemática o relatório para a UNESCO sobre educação (1996:162) refere que " a tecnologia não pode por si só constituir uma solução milagrosa para as dificuldades sentidas pelos sistemas educativos. Tais recursos devem ser utilizados em ligação com formas clássicas de educação e não serem considerados como um processo de substituição, autónomo em relação a elas". Contudo, se por uma lado a sociedade foi invadida pelas Novas Tecnologias de Informação e Comunicação o sistema escolar abarcou um público cada vez mais vasto e heterogéneo (desde crianças atá à população adulta).  Tais situações parecem tornar a escola mais vulnerável, frágil e aparentemente sem rumo. Ou seja tal como refere Clímaco (2005: 47,48) " a expansão dos sistemas educativos como expressão da democratização das sociedades veio trazer problemas de acessibilidade educativa... e trouxe outras formas sofisticadas de exclusão, traduzidas nas mais elevadas taxas de retenção e abandono. "  Delors (1996) refere que para fugir à segregação educativa que atualmente divide o mundo se deve colmatar o "défice de conhecimentos" quase sempre associado ao subdesenvolvimento. É nesta perspetiva que a Declaração Mundial sobre a Educação ( citada por Delors, 1996:107) para todos afirma que " toda a pessoa deve poder beneficiar duma formação concebida para responder à suas necessidades educativas fundamentais." Estas necessidades são referentes aos instrumentos de aprendizagem (leitura, escrita, expressão oral, resolução de problemas) e aos conteúdos educativos( aptidões, valores e atitudes) necessários ao individuo para viver e trabalhar com dignidade, participar no desenvolvimento, tomar decisões esclarecidas e continuar a aprender. Este direito deverá esta implicito nas politicas dos diferentes países como forma de tornar o sistema educativo cada vez mais justo, democrático, inclusivo e eficaz. De qualquer modo, Ramos (2007 defende que " a educação nunca se poderá constituir em motor de desenvolvimento equitativo, enquanto problemas como o empobrecimento continuarem a assolar muitos dos países menos desenvolvidos" .Neste âmbito, Callon (2004) citado por Calle & Da Silva (2008:6) refere que  a democraticidade das organizações depende grandemente da criatividade como componente da inovação e afirma que “a qualidade de uma inovação depende da qualidade das idéias que estão na origem da inovação".                                            


Da informação ao conhecimento


Vivemos  numa dualidade entre a informação e o ato de conhecer. Ou seja, o acesso a grandes quantidades de informação não garante por si só a possibilidade de transformá-lo em conhecimento.

Ou seja, o conhecimento não navega pelo ciberespaço informação e, para extrair útil exige-se um conhecimento básico do tema a investigar, assim como pontos de referência que nos indiquem que os dados recolhidos são credíveis.Torna-se também indispensável que o cibernauta faça uso do seu pensamento lógico, raciocínio e juízo crítico para atingir a possibilidade de transformar a informação em conhecimento. Digamos que podemos entender a criação e a gestão de conhecimento como um conjunto de processos sistemáticos orientados para o desenvolvimento organizacional e pessoal  . Neste âmbito a Professora  Maria Ivone Gaspar (2003:67) refere o seguinte: “ é indiscutível que os estudantes ganharam  exponencialmente acesso à informação que necessitam de seleccionar, assumir transformar em conhecimento”  .


 Esta transformação é deveras importante e congregam dois objectivos decisivos na dinâmica dos sistemas educativos: aprender a aprender e aprender a conhecer.  Fazendo referencia a Damásio (1995) a professora menciona ainda que “ o conhecimento é um complexo processo que mobiliza a inteligência cognitiva, afectiva, emocional e expressiva” .   




Da sociedade mutante à escola com projeção social

"As opções educativas implicam, pois, a sociedade no seu conjunto e exigem a abertura dum debate democrático, não só sobre os meios, mas também sobre as finalidades a educação". (Delors, 1996:146)

Na verdade, o  permanente desenvolvimento das novas tecnologias da informação e da comunicação veio revolucionar o comportamento humano na sua dimensão individual, social, educativa, política e económica. Parece que tudo o que é mensurável se encontra retido na simples ação de pressionar um botão, teclar uma tecla ou gerir um cursor. Toda a informação está logo ali e saber geri-la é aprender a conhecer. Saber seleccioná-la é delinear o caminho para onde e por onde se quer ir. Neste sentido, Delors (1996) defende que  para colmatar as dificuldades impostas por esta sociedade mutante a escola se deve transformar numa organização aberta e flexivel, que integre a ideia de uma comunidade educativa com projeção social de forma a possibilitar a formação civica necessária aos cidadãos no âmbito da responsabilidade, solidariedade e respeito pelos outros. Concomitante com esta perspetiva, Ramos (2007: 3) defende que “para que tenha sucesso na sua missão de coesão social e desenvolvimento humano, o sistema educativo português tem de se desenvolver ele próprio com a participação activa da sociedade portuguesa, superando a situação de divórcio existente, não só com a sociedade, mas também com alguns dos seus actores principais como é o caso dos professores”.

Nesta perspetiva a escola deve-se assumir como uma organização aprendente  procurando responder de forma assertiva e eficaz aos diferentes estilos de aprendizagem, aos distintos tipos de motivação e maturidade dos alunos, às características dos contextos familiares (que não dominam o discurso e a cultura da escola, nem as formas e ritmos de trabalho). Sobre este assunto, Delors, (1996) refere que por vezes os sistemas educativos formais são acusados de inibir o desenvolvimento pessoal, impondo a todas os alunos o mesmo modelo cultural e cultural, sem ter em conta a diversidade dos talentos individuais. Assim torna-se premente que os sistemas educativos apostem em formas de combater a exclusão e conduzir ou reconduzir para a escola todos os que dela andam afastados. Para isso é indispensável diversificar e personalizar o ensino dando mostras de que se investe com entusiamo na originalidade e individualidade orientando os jovens para as distintas opções de vida. Neste âmbito “para criar modalidades  de reconhecimento de aptidões e conhecimentos tácitos e, portanto haver reconhecimento social, é bom, sempre que possível diversificar os sistemas de ensino e implicar em acordos ou parcerias educativas as famílias e os diversos atores sociais” ( Delors, 1996:49)



O Sistema Educativo e os quatro pilares da Educação


Da noção de sistema ao Sitema educativo Português
Se o design do Universo apresenta uma complexidade e diversidade de vida, organismos, estrelas e planetas também nos revela uma organização cósmica, social, biológica. Para além destes sistemas naturais, o homem tem vindo a recriar um conjunto de outros sistemas (artificais) referentes à economia, à politica, à cultura, entre outros. Sendo assim, noção de sistema abarca um conjunto de elementos que se interrelacionam com vista á manutenção do próprio sistema. Neste sentido os indivíduos influem e são influenciadas pelas interacções contribuindo para que o todo sistémico se constitua mais do que a soma das partes. Nesta perspetiva, Rosnay, considera sistema como um “conjunto de elementos em inter-acção dinâmica, organizados em função de um fim” e, Ladrière concpetualiza sistema como um “objecto complexo formado de componentes distintas ligadas entre elas por um certo número de relações. Por sua vez Edgar Morin descreve sistema é uma unidade global organizada de inter- relações entre elementos, acções ou indivíduos”.

 Tendo em conta esta noções, o sistema educativo assume-se como um “ conjunto de meios pelo qual se concretiza  o direito à educação que se exprime pela garantia de uma permanente acção formativa orientada para favorecer o desenvolvimento global da personalidade, o progresso social e a democratização da sociedade.” Este sistema processa-se de forma estruturada e organizada cujas acções são da responsabilidade de diferentes entidades públicas, particulares e cooperativas. Independentemente das instituições que constituem o sistema educativo a respetiva coordenação política é do âmbito do ministério referente.


O que separa os prinicpios do sistema educativoa dos quatro pilares da educação?

A lei de bases do sistema educativo português apresenta um conjunto de princípios básicos que norteiam as politicas educativas defendendo: O direito à educação e à cultura para todos os portugueses; A responsabilidade do Estado na democratização do ensino promovendo a igualde de oportunidades; O respeito pela liberdade de aprender e de ensinar respeitando as diferenças religiosas e culturais dos alunos e das famílias; Um conjunto de respostas assertivas emanadas pelo sistema educativo como forma de colmatar as  necessidades e exigências impostas pela sociedade actual;  A promoção de atitudes e valores assentes num espírito democrático e pluralista, tolerante, critico, solidário, aberto e flexível. 

Estes princípios encontram-se correlacionados com os quatro pilares da educação apresentados no relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre educação para o Séc. XXI como forma de dar resposta às exigências da sociedade da informação e do conhecimento. Hoje a educação deve transmitir cada vez “mais saberes e saber - fazer evolutivos  adaptados À civilização cognitiva, pois são as bases das competências do futuro” (Delors, 1996:77). O relatório referido defende que o sistema educativo deve deve ter em conta os pilares do conhecimento que orientam as aprendizagens ao longo da vida: aprender a conhecer, referentes aos instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o que nos rodeia; aprender a viver juntos, para que possamos agir de forma participada e cooperante nas atividades humanas; aprender a ser que integra os fundamentos de todos os pilares. Embora o ensino formal , tenha vindo a apostar mais no aprender a conhecer o relatório para a UNESCO (1996) defende os quatro pilares do conhecimento deve ter uma atenção equitativa  “ por parte do ensino estruturado a fim de que a educação apareça como uma experiência global a levar a cabo ao longo de toda a vida, no plano cognitivo e prático, para o individuo enquanto pessoa e membro da sociedade" (Delors, 1996:78)



 
Bibliografia

Delors, J. (1996) Educação Um Tesouro a Descobrir. Relatorio para a UNESCO . Lisboa: Asa

Clímaco, M.C (2005). Avaliação em Sistemas de educação- Lisboa: Universidade Aberta´

Gaspar, M.I. (2003) Perspetivas em Educação nº 1. Novos Rumos e Pedagogia em Ensino à distância

Legislação
 Netgrafia
 Calle & DaSilva (2008) Inovação no Contexto da Sociedade do Conhecimento

Ramos (2007) Tendências evolutivas das Sociedades contemporâneas http://www.moodle.univab.pt/moodle/mod/resource/view.php?id=1166331  ( consultado em 20/03/2012)






























sábado, 3 de março de 2012

SUPERVISÃO PEDAGÓGICA

Este documento integra-se no desenvolvimento de tarefas referentes à disciplina de sistemas educativos: organização e avaliação, a decorrer na Universidade Aberta.


Temas a desenvolver

TEMA I: MUTAÇÕES SOCIAIS E SISTEMAS EDUCATIVOS
Aspectos contextuais dos Sistemas Educativos
Noção ou conceito de sistema

TEMA II: MODELOS E TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS NOS SISTEMAS EDUCATIVOS EUROPEUS
Opções educativas versus opções de sociedade
Princípios orientadores e modelos organizativos
Os Sistemas Educativos na Europa

TEMA III: OS SISTEMAS DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO PARA A EUROPA DO CONHECIMENTO
Traços gerais e estratégias de modernização dos Sistemas Educativos
O quadro estratégico europeu de referência para as competências básicas e as dinâmicas de inovação e mudança na Educação

TEMA IV: A REGULAÇÃO DOS SISTEMAS EDUCATIVOS
O conceito de regulação
Quadros teóricos interpretativos da governação dos Sistemas Educativos

TEMA V: AS LINHAS-MESTRAS DA AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS EDUCATIVOS
Conceitos e modalidades de avaliação
Políticas e quadros de referência para a avaliação dos Sistemas Educativos